A recuperação ambiental dos danos causados pelo fenômeno climático que atingiu Campinas (SP) na madrugada de domingo (5) deve levar de 15 a 20 anos, informou a Secretaria Municipal de Serviços Públicos. A mata ciliar às margens do Rio Atibaia, no Distrito de Sousas, ficou destruída. O rio é responsável por 95% do abastecimento da cidade.
O Jornal da EPTV, afiliada da TV Globo, fez imagens aéreas da região destruída, que ficou irreconhecível se comparada ao que era antes da tempestade. O fenômeno das microexplosões (nuvens carregadas de granizo e acompanhadas de fortes ventos) transformou áreas verdes em terra arrasada.
Toda a vegetação está dentro de uma Área de Proteção Ambiental (APA), além da mata ciliar que protege o leito do rio, há mais reservas afetadas. Quatro delas ficam dentro de um condomínio, que tinha ampliado a área verde com o plantio de mais de 26 mil árvores.
A bióloga Giselda Person tinha feito um levantamento da fauna e da flora, trabalho exigido para a liberação do empreendimento e lamenta a perda do refúgio para os bichos. “Vai ter que nascer uma nova mata. Vai ter que ser plantada uma nova, porque a que tinha não tem mais, o que demora muitos anos”, explica a especialista. Ainda segundo ela, animais como macacos não terão como circular pelo local com a devastação das áreas verdes.
O caseiro Arnaldo Santos encontrou os animais mortos em uma chácara onde trabalha em Sousas. “Aqueles macacos pequenos, os saguis, achei uns quatro mortos”, afirma o caseiro.
Arnaldo também está desolado com a perda de bugios que vivem na área. “Eles [bugios] vinham comer coquinhos. Todo dia eles estavam aqui”, lamenta o caseiro da propriedade rural. Aves também desapareceram das áreas atingidas pelos ventos fortes que passaram dos 100 km/h.
Queda de árvores – Ainda de acordo com a Secretaria de Serviços Públicos, até o momento foram contabilizadas quedas de 1,3 mil árvores em áreas públicas e outras 600 em propriedades particulares, todas adultas.
Uma área bastante afetada foi a do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), cerca de 100 árvores caíram e alguns bambuzais tombaram com a força do vento.
Segundo o secretário de Serviços Público Ernesto Paulela, cada árvore absorve o monóxido de carbono equivalente ao produzido por um carro durante um mês. Há ainda o efeito da devastação no microclima, especialmente para quem costuma passar por corredores arborizados como era a Avenida Almeida Garret, no bairro Taquaral.
“Uma rua arborizada como essas apresentavam, no verão, até três graus menos do que uma rua não arborizada. É o chamado conforto térmico”, afirma o secretário de Serviços Públicos.
A Secretaria de Serviços Urbanos preparou um plano de recomposição vegetal das áreas atingidas, mas o plantio começa apenas em setembro. “Vamos plantar de 2,5 mil a 3 mil árvores e vamos aproveitar este momento para selecionar melhor as espécies para suportar melhor futuros fenômenos climáticos”, finaliza Paullela.
(Fonte: G1)