Ao longo dos últimos dois anos, várias concessionárias de energia do Brasil começaram a se aventurar num terreno ainda inexplorado por aqui: a instalação das chamadas smart grids, ou redes inteligentes de energia elétrica.
Na pratica, isso significa que elas escolheram algum município dentro de sua área de concessão para trocar, pela primeira vez, os medidores eletromecânicos de consumo dos clientes por medidores digitais inteligentes.
Parece pouco, mas a ação tem o poder de mudar de maneira radical a forma como cada um de nós lida com a energia que ilumina nossas casas. Até hoje, as empresas de energia elétrica recebem as informações sobre o consumo dos clientes apenas uma vez por mês, graças ao trabalho dos leituristas, e também só sabem sobre um problema no fornecimento se alguém ligar para reclamar.
Com o uso do medidor inteligente e de toda a parafernália tecnológica que a ele deve estar atrelada — uma rede elétrica automatizada e um sistema robusto de transmissão de dados —, é possível monitorar o consumo de cada cliente em tempo real. Eventuais falhas também são percebidas imediatamente. Trata-se de uma guinada sem precedentes para as concessionárias, pois suas incursões nessa seara vinham sendo conduzidas até então numa escala bem modesta.
A portuguesa EDP(distribuidora de energia), por exemplo, foi pioneira no país e começou a testar a viabilidade de uma rede inteligente de energia em Aparecida, município paulista de 35 000 habitantes, em 2011. Lá, a concessionária finaliza a troca do medidor analógico pelo digital inteligente para a totalidade de seus 13 000 clientes até meados de maio.
Em Minas Gerais, a Cemig instalará o equipamento para 8 000 clientes na região de Sete Lagoas, município vizinho a Belo Horizonte, até abril de 2014. Hoje, 3 200 medidores já estão em operação. A novidade é que a AES - Eletropaulo também decidiu entrar na era das smart grids, e isso deve mudar completamente a escala do jogo.
“Trata-se do primeiro grande teste de smart grids no país”, diz Britaldo Soares, presidente da AES Brasil, holding dona da Eletropaulo. Para executá-lo, a empresa vai investir 71 milhões de reais nos próximos três anos.
Por trás do desejo da AES Eletropaulo de testar a viabilidade da smart grid em Barueri, para então expandi-lo para toda a sua área de concessão, há uma série de razões. A primeira delas é que a rede inteligente permitirá à empresa detectar de maneira muito mais fácil as fraudes, o que ajudará na redução das perdas comerciais.